Time goes by you

Às vezes penso se vale a pena seguir para Jupiter
de onde se vê bem a terra e as suas cores
parece-me mais fácil ficar junto à lua
e chorar no seu ombro escuro

Às vezes penso se vale a pena voltar à terra
de onde te posso ver com teu olhar azul
parece-me mais fácil ficar por Jupiter
e lembrar teu sorriso maduro

Às vezes penso se vale a pena voar para ti
de onde vejo o futuro tão brilhante
parece-me mais fácil morrer aqui
e recordar apenas o mais puro

Às vezes penso em ti e nos teus lábios
de onde nunca devia ter saído
parece-me mais fácil desistir
e deixar as memórias sozinhas

Às vezes não o devia dizer só a ti em segredo
de onde as memórias nunca saem
parece-me melhor abrir a janela
e gritar em plena voz...

I'm not dead...I'm just living in my head!

Prosa?

Curiosamente, hoje acordei antes do sol
e ao deparar-me com o escuro da noite vi bem longe uma nova estrela
que ao ver-me assim tão perto me confessou o que lhe ia na alma
"tenho sonhos por sonhar, e não sei onde os deixei"

Estou aqui, onde o tempo se faz tarde
e sem preocupações sigo uma árvore que se desvia do vento,
essa mesma árvore que um dia me alimentará.

Eu que um dia pensei ser poeta ou trovador
não posso deixar de mostrar o meu desagrado pelo caminho que tomei
fui tão longe, e poderia achar o que queria mesmo ali
ao virar de uma esquina já conhecida

Para dizer a verdade, seria muito mais feliz se estivesse aqui sempre
neste banco que sempre me acolheu
e de onde vejo todos os dias o passar do tempo
ele sim percebe a beleza desta vida, das flores e do vento

Quero tanto ir tão longe, mas daqui não quero sair
tenho medo do desconhecido
tenho medo de perder a alma que sempre tive e os sonhos que sonhei

E nem mesmo uma estrela nova me poderá mostrar um novo rumo...
O caminho já eu escolhi há muito
Sozinho ou contigo a meu lado...serei sempre um poeta sem medalhas!

Simples(Mente)

Simplesmente doem-me os ossos
a força que me resta já pouco me dá
o peso que trago nas costas não me larga
tenho restos de ti espalhados pelos destroços
que ficaram aqui desde aquela bela manhã
em que juntos nos amamos em praga

Simplesmente me falham as cordas vocais
e o rasto do silêncio arrasta-me para a falésia
as pernas não me levam ao caminho desejado
sinto então que tenho destroços de mais
e acabo por decorar toda uma vida numa milésima
enquanto me maravilho com um novo achado

Simplesmente fico com o pensamento partido
vejo as letras fugirem-me pela mente
e sinto o suave doce da palavra perdão
penso então que não chegava estar ferido
preciso de mais do que uma dor urgente
perco-me numa linha feita à mão...

Trova forçada

Já viste o vento que te levanta os cabelos?
e o sol que te ilumina o olhar?
diz-me se viste como são belos
esses versos que te fazem sonhar

Já viste a lua quando sorri?
e a brisa do mar salgado?
diz-me se viste o poema que fiz para ti
inspirado num simples recado...

Sereia do sul


Moro numa rua pequena
onde nunca chegou o mar
e vejo com muita pena
o barco que passa sem parar

Ao longe vejo o deserto
onde moram as sereias
e às vezes parece tão perto
que o mar me molha as ideias

No sul do meu pensamento
mora uma ninfa enfeitiçada
em mim mora o lamento
de para o sul não haver estrada

Fica tão longe a tua ilha
onde juntos nos amaremos
mas ando a traçar a trilha
por onde juntos correremos

Moro numa cidade invisível
onde o horizonte foge da terra
mas tenho uma tela incrível
onde tento apagar a guerra

Os que vivem nesta rua
morrem cedo e por amor
e a culpa é sempre tua
mata-me lá por favor!

Maré


Perdido num barco
sem mar nem velas ao vento
sinto o ar, perco o meu puro alento
Num mar embarcado
fujo do caminho dessas ondas impuras
e bem longe consigo ver as nuvens escuras


Por onde andas minha avenida?
as horas que passam não te trazem
estou tão longe da tua margem
Por onde anda a tua beleza querida?
por onde anda o teu pensamento?
foi de barco sem rumo o meu lamento

Fiz de ti toda a lua no céu
sem oxigénio matei um suspiro triste
quis tudo o que no mundo existe
Fui eu quem por ti morreu
mesmo não tendo lugar para teu corpo
tento ter-te sempre, paro em cada porto

A bombordo vejo Paris
vou além dos mares do norte
tento encontrar a minha sorte
Mas morre logo na raiz
essa viagem que sempre sonhei ter
ato a corda que se estava a romper...