Ad Eternum

Desde o primeiro olhar,
logo no primeiro momento...
vi que tinhas para dar,
mais do que simples alento...

Devagar foste entrando,
abri a porta com receio...
e o teu rasto foi deixando,
meu olhar partido a meio...

Foram duras e sofridas,
não pararam de sangrar...
exorcizo essas feridas,
que não consigo curar...

Mas voltamos sempre lá,
àquele primeiro olhar...
e por muito que eu não vá,
continuas a tentar...

E eu deixo a porta aberta,
pronta para a reentrada...
e uma coisa é certa,
serás sempre a minha fada...

Manhã

De manhã beijo teus olhos,
vejo teus longos cabelos...
mas por ver assim teus olhos,
às vezes não consigo vê-los...

De manhã crio teu rosto,
crio o teu novo olhar...
mas teus olhos não têm rosto,
não têm brilho nem amar...

De manhã guio teu rumo,
guio teu andar suave...
mas teu andar não tem rumo,
és livre como uma ave...

De manhã eu fico louco,
mostro-te o paraíso...
essa tua voz bem rouca,
faz-me perder o juízo...

De manhã dou-te a vida,
dou-te mais que uma trova...
essa tua voz sofrida,
não é velha nem é nova...

De manhã me perdi hoje,
de manhã me encontrei...
de manha vejo quem foge,
de manhã eu sou um rei!

Eu não sou quem quero ser

A tristeza invade meu sentido,
deixa uma leve linha no mapa...
a tristeza deixa-me perdido,
é ela que com calma me mata...

Sozinho passo ao lado,
dos mais solenes momentos...
sinto-me petrificado,
choro só os meus lamentos...

Sou mais que puras linhas,
tenho mais que uma voz...
tristezas eu tenho as minhas,
sinto o ar matar-me a voz!

Perdi? (o poema prometido)

Eu sei que não te perdi,
que nunca te abandonei...
eu sei que continuas aqui,
que és quem eu sempre sonhei...

Eu luto com os sentidos,
entrego os meus sentimentos...
podemos não estar unidos,
mas teremos os nossos momentos...

E tu sais por aquela porta,
nem sequer teu olhar restou...
nada mais na vida me importa,
estou aqui...a ti me dou...

Eu quero-te no meu jardim,
não posso mais te perder...
podes fugir sempre de mim,
mas não apagas o meu querer...

Aquele luar que eu adoro,
não me deixará sozinho nunca...
porque na rua onde eu moro,
tudo é um mar de felicidade junta...

A rua da minha bela infância,
sempre me deu o que eu queria...
nela não há fúria nem ganância,
só ela me dá paz e alegria...

Foi lá que um dia te conheci,
que mil e uma histórias te contei...
foi nela que chorei e que sofri,
foi nela que sem tristeza te amei...

Agora que a rua está deserta,
já não consigo ver o futuro...
e aquela porta ainda aberta,
transformou-se num grande muro...

Vai..leva tudo que te dei,
já não sei se te perdi...
já não sei se me deixaste aqui,
já nem sei bem se te amei...

Desejo

Eu queria ser poeta,
criar um mundo melhor...
e com poesia discreta
vos mostrar o que é o amor...

Fazer um mundo melhor,
inventar novas vidas...
e com todo esse amor
vos curar as feridas...

Com letras de encantar,
vos mostrarei a verdade...
e com esse novo amar,
ganhareis uma nova vontade!

Não gastes as tuas lágrimas


Que lágrima é essa que trazes aí?
Quem foi o autor desse eterno drama?
Quem foi que te fez chegar aqui?
Quem foi ele, autor de tamanha trama?

Diz-me se foi um bandido imperial,
se foi um verdadeiro troiano...
ou foi um poeta genial,
daqueles que choram o ser humano!

Se foi o amor que te rasgou,
se foi o carinho que te roeu...
diz-me se foi ele que te matou,
ou se foi ele que de ti se perdeu!