Sonhar não faz mesmo mal a ninguém

Resposta ao desafio da Ana: Oito sonhos que gostaria de realizar antes de morrer!

Sonhos que tenho para contar
podiam ser inúmeros momentos
mas apenas oito vim aqui deixar
para vos mexer nos lamentos

O sonho um não podia ser mais lógico
ser um pássaro e bem alto voar,
o segundo é meramente analógico
e seria o tempo poder parar!

Com o três vêm os países e cidades
onde sempre sonhei um dia estar
sonho olhar para todas as verdades
e dizer que fui até ao fim do mar!

Ser poeta seria o quarto sonho
e as outras pessoas deliciar
com o meu talento risonho
queria ensinar alguém a amar!

Descobrir algo de novo e deslumbrante
seria o perfeito quinto desejo
e fazer algo belo e brilhante
é o que na vida mais almejo!

Começa a ser difícil escrever
os restantes sonhos em mente
o sexto poderia facilmente ser
viver feliz eternamente!

O sétimo é fácil de descobrir
basta ser minimamente diferente
seria num barco fugir
e voar, para a lua, num repente!

Só falta um, finalmente
objectivo cumprido
quero mudar esta mente
e ser para todos um bom amigo!

Cinco minutos de puro prazer

Percorri milhares de metros
para chegar ao cimo de ti
soei, tive dores de morrer...
Pensei ser impossível chegar a ti
naquele dia em que sofri
naquele dia em que quase morri
de prazer...

Chegado ao local da verdadeira partida
olhei-te do cimo ao sopé
e pensei o que seria uma vida
sempre a percorrer tuas curvas
que se multiplicam
como cachos de uvas...

Não pensei nem um segundo
e lancei-me a alta velocidade
por teu corpo nu e curvilíneo
e nem o supro do mundo
parou o meu declínio...

Experiência quase transcendente
estar ali a percorrer-te
e de repente...
como que a flutuar...
ao avistar o rio,
ao ver que a viagem tinha terminado
percebi que não te cheguei a amar!

Mas eu voltarei a ti...para te amar eternamente...sobre duas rodas!

Aprender a ser poeta

De onde vens tu meu ser inconstante?
cravado a diamante, pérola preciosa
por onde segues sozinho ser crucificado,
nesse manto alado de luz perigosa?

Conta-me por onde andaste estes dias
onde passaste as noites frias, do inverno passado?
conta-me como foste tu tão longe num só lamento
mostra-me cada momento em que foste aprisionado

Viste os rios e os sóis do leste do mundo?
conseguiste ir ao fundo, do nosso paraíso?
não te perdeste em tal viagem falhada?
viste o sol da madrugada sempre com um sorriso?

Sei que a lua te guia nessas noites nubladas
te mostra várias estradas, cheias de rosas
mas tu nem sempre vais por caminhos brilhantes
gostas mais de seres inconstantes cheios de prosas

Agora rende-te a este poeta obscuro
encosta o corpo ao muro, entrega-te a mim
põe as mãos prontas para a prisão
pois, queiras ou não, gostas de mim assim!