Mus(a)ica para simples ouvidos

Horas e horas perdidas,
à procura das palavras certas...
horas e horas perdidas,
mas agora vejo portas abertas...

Foram milhares de letras,
muita tinta escorrida...
foram lutas incorrectas,
para uma só vida...

E foram sempre tremidas,
essas linhas que escrevi...
foram longas e sofridas,
foram as mais duras que já vi...

Mas escrevi-as por alguém,
sempre as fiz com muito gosto...
nunca as mostrei a ninguém,
escondias atrás de um rosto...

Cheio de tristeza senti,
mil passos me atacar...
e mil e um dias vivi,
procurando saber te amar...

Tu não me quiseste perto,
recusaste a minha voz...
criaste em mim um deserto,
onde nos esqueceremos de nós...

A sede que vou sentir,
será utópica dor infinita...
a luz que reflectir,
nunca passará daquela terra maldita...

Terra onde vivi sonhos,
que ninguém sonhou sonhar...
e foram dias medonhos,
que me tentaram matar...

Mas eu lutei mais forte com a alma,
fiz tudo para sobreviver...
mas não encontrei a certa calma,
que me traria feliz morrer...

E foi sem nada nas mãos,
que me lancei no vazio...
fiquei com sabor a limão,
vi a minha vida por um fio...

E pensei que o fim tinha chegado,
que a lua tinha desaparecido...
fui ali crucificado,
fui sempre mal entendido...

Mas a luta continua,
amanhã é outro dia...
vou sair bem para a rua,
vou viver com alegria...

Vou ser mais suave e leve,
vou matar com o meu canto...
vou mostrar que um suspiro breve,
pode ser um grande manto...

Vou transformar esse manto,
numa casa acolhedora...
vou-te mostrar o meu canto,
eterna musa inspiradora...

E não vou mais morrer sozinho,
vou morrer da eterna dor...
vou morrer do teu carinho,
vou morrer no teu amor...

Verdade ou mentira?

És mais do que previsível,
fazes sempre o mais fácil,
queres-te tornar visível,
mas não passas de volátil...

És diferente, admito,
mas às vezes isso é pior,
fica aqui bem por escrito,
tu não serves...sou melhor!

Feliz de quem...

Não é fácil definir este amor,
esta minha alegria!
Contigo não sinto dor,
amo-te mais a cada dia!

Vejo agora claramente,
o que quer dizer amar!
Sinto-me muito diferente,
tenho muito amor para dar!

Concentro toda a minha vida,
no teu sorriso brilhante!
Posso até não ter comida,
mas tenho-te, meu diamante!

És a musa derradeira,
a eterna inspiradora!
És a paixão verdadeira,
queria-te aqui agora!

Queria beijos e sonhos,
versos feitos com perfeição!
Mas só tenho esses teus olhos,
para iluminar o serão!

És tudo que tenho aqui,
serás o amor até ao fim!
Eu gosto muito de ti!
E tu também gostas de mim?

O inicio de tudo

Preciso de inspiração para o mais simples verso...
pura limpeza de sentidos, pura luminosidade dos perdidos...

Fui um dia um peregrino,
por luas e astros distantes...
fui e ainda sou menino,
dessas noites mais brilhantes

Sou o novo poeta,
cheio de renovadas esperanças...
sou e serei eternamente,
o dono das minhas lembranças

Partilho aquilo mais simples,
meras linhas mal formadas...
partilho o mais distante,
silêncios, versos e rimas aladas

Por entre todas as trovas...
procuro um novo mundo, terras novas!

Mas, sou um mero aprendiz,
sou imperfeito, escrevo a giz...
escrevo e descrevo a solidão,
mero aprendiz do mestre, António Gedeão

Procura sem fim

Sem risco procuro a linha
Procuro o sol e o luar
Sem linha corro o risco
de nunca mais me encontrar...

Sem rumo procuro o fim
Procuro a terra e o céu
Sem fim perco o rumo...
já não sei bem quem sou eu

Sem olhar procuro a luz
procuro o dia e a rima
Sem luz não sei olhar
Perco-me nela...
Re-escrevo a minha sina

Bala maldita...


Hoje o dia começou azul,
como as ondas do mar...
o vento corria para sul,
poucas nuvens corriam o ar...

O calor que se sentia,
percorria toda a terra...
mas ao longe já se via,
uma réstia de terror e guerra...

Com o tempo em andamento,
o dia escureceu...
e um simples pensamento,
toda a vida comprometeu...

Foi num rápido e sereno,
momento de desilusão...
que perdeste o teu seno,
estragando a equação...

E partiste pelo céu,
na direcção desse mar...
e num momento só teu,
mil lágrimas nos fizeste chorar...

Volta pelo teu caminho,
re-encontra a tua paz...
te esperamos com carinho,
sabemos que és capaz...

Esta vida ainda é tua,
re-escreve o teu viver...
por mais que ela seja crua,
não vale menos que um morrer...

Força H...

Uma bola de cristal

Quando andamos desolados
tornam-se raros os caminhos,
somos sempre mal amados,
só queremos ser sozinhos...

Perfeito seria encontrar a solução,
conseguir chegar ao fundo,
vaguear na ilusão,
num sopro correr o mundo...

Olhar para o horizonte,
ali mesmo onde acaba a terra,
juntos seremos uma fonte,
levaremos paz onde houver guerra...

Seremos então muito mais,
mataremos muita dor,
e ao criar novos ideais,
re-inventaremos o amor.

Alma nua

Olhos cheios de loucura,
cheios desta cegueira...
dias longos sem ternura,
passados da pior maneira

Sou um mero criador,
de mapas à mão desenhados...
procuro um salvador
que me conte o amor
como os iluminados

Tu és tudo nesta vida
eu sem ti não sou mais nada
já não me dói a ferida
ao longo da madrugada

Tu que não viras a cara,
mesmo não tendo alegria...
tu és a pérola mais rara,
por ti mil e um castelos erguia

Tu que sabes das estrelas,
e dos contos de encantar...
esta é das histórias mais belas,
que terás para contar

Escreve tudo na lua,
diz a todos a verdade...
a minha alma é tua,
podes usa-la à vontade...

Meras conquistas

Tu és meio caminho andado para a perdição,
neste mundo cheio de ternura...
tu és tudo nesta solidão,
tu minha insana loucura

Tu és a fénix renascida,
das cinzas recriada...
tu és tudo na vida,
és uma princesa encantada

Tenho magia nos dedos,
sem pincel faço uma linha...
conto os meus maiores segredos,
junto a tua vida à minha

Viveremos juntos,
para sempre ou talvez menos...
não seremos só defuntos,
teremos dias amenos

Caminhemos de mão dada,
com o nosso olhar cruzado...
a carta está jogada,
não queiras lançar o dado

Sejamos então realistas,
e digamos a verdade...
a vida são meras conquistas,
que só chegam com a idade!

Caminhos perdidos


Tenho diversas moradas, escondidas por aí!
Sou um pássaro encantado, vivo aqui e ali!
Sou dos becos mais profundos, das terras mais improváveis!
Sou e vivo outros mundos, tenho eus inesgotáveis!
Vagueio por entre os ramos, perco-me a cada esquina!
Não compreendo estes humanos, teu simples olhar de menina!
Remo contra ventos e marés, corro por simples corridas!
Se ele me deu uns pés, porque tenho eu estas feridas?
Faltam tantas aventuras, cheias de novas paragens!
Faltam-me eternas ternuras, quero encontrar novas margens!
Um homem nunca foi feliz por ser só, nem por um breve instante!
Nesta imensidão sou pó, sou apenas cavaleiro errante!

Morrer metricamente


Põe-me triste que eu hoje quero escrever o verdadeiro verso...
diz-me a verdade que me dói e me deixa submerso!
Mata-me com ferros, tira-me esta vida...
mata-me com uma rima métrica, curta ou comprida!

Afasta-te de mim só mais um pouco
Que eu ando mesmo a ficar louco...
mas porquê esta desmesurada loucura?
Se um dia tu me ofereceste a verdadeira ternura?

Eu escolho o caminho mais difícil e complicado...
eu vou pela lua e demoro mais um bocado...
Eu vou à volta e não encontro o meu rumo...
Não sei se luto ou se me esfumo!

Mas o meu reino, esse eu sei, nele te encontro, nele sou rei!
Mas o destino podes ser tu... tu que és a minha querida...
Tu que com ferros matas e não deixas curar a ferida...

Mil e uma noites


Mil e uma noites eu passei, sem luz nem alegria...
Mil e uma noites passaram num único dia!
Por mil e um caminhos andei sem rumo e sozinho...
Em mil e um caminhos errei e não encontrei o carinho...
Mil e uma maravilhas ergui numa terra longínqua e distante
E fiz isso só por ti...
Por ser o teu fiel amante

Sol(amente)

Olha o sol que te ilumina!
Esconde-te do escuro que te segue,
da solidão que te atormenta,
da dor que te enlouquece...
E imagina... O que seria...
A luz da lua no teu corpo,
a brisa leve sem desgosto a bater em ti...
Num dia nobre e sem tristezas...

Re-encontrado

Eu vi o mar e as areias!
Vi peixes e vi sereias!
Fugi do céu que me seguia,
Fugi da luz que me batia!
Passei por mil vales e montanhas,
vivi alegrias tamanhas!
Corri quilómetros por estradas,
perdi imensas madrugadas!
Só por ti, amor gigante,
só por ti fui num instante
onde nunca tinham ido
ver o que nunca sonhei ver!
E encontrei um sonho!

O sonho de te ter...