A morte morreu?

Se tu morreres amanhã,
quero que hoje saibas,
que ontem quando te vi,
pensei no nosso futuro.

E vi campos verdes ao fundo,
tal e qual aquele quadro,
em que o anjo se perdia,
no claro dos teus olhos.

Percebi então que luto,
pelas linhas do comboio,
e que quando ele vira,
o teu corpo me ataca.

Me corrompo como o ferro,
e não penso mais no fim,
mesmo se por ti não espero,
tu fazes parte de mim.

Posso então dizer-te hoje,
que amanhã quando te vir,
me vou lembrar de que ontem,
tu me fizeste sorrir.

Rio do norte

Eu sei de cor as palavras,
que matam na tua boca,
sejam curtas ou mais largas,
minha alma fica louca.

Minha alma sente ao perto,
a dor que te vai no olhar,
e mesmo em campo aberto,
não te paro de avistar.

Mas mesmo se já não te vejo,
sinto o mesmo calor frio,
e no formular de um desejo,
procuro-te naquele rio.

E ao ver o teu rasto no rio,
confirmo a esperança,
daquele famoso brio,
que trago na minha lembrança.

Ou então já me esqueci,
de tudo o que perdi em mim,
de tudo o que não vivi,
e me deixou ficar assim.

Adorar-te

Adoro-te.
quando está silêncio,
quando não se ouve nada,
adoro-te pela madrugada.

Adoro-te,
quando me chove na cara,
quando o sol me queima,
adorar-te é uma teima.

Adoro-te,
quando sinto uma brisa,
quando vejo o mar,
adorar-te é amar.

Adoro-te,
quando me dói a barriga,
quando não vejo nada,
adoro-te amada.

Adoro-te,
quando a luz já me falta,
quando o preto já não se vê,
adoro você.

Adoro-te,
quando é hoje,
quando já foi tantos dias,
quando for eternamente,
apetece-me dizer adoro-te,
adoro-te,
assim de repente.