O hipotético toque matinal

Eu tinha um beijo,
meio mudo,
guardado para ti.
E, no silêncio, esse beijo,
não passaria de nada.

Mas os beijos falam,
e os lábios não se tocam,
sem um propósito
sentido.

Os beijos são como a manhã,
quando são frios não me levanto,
quando são quentes nunca me deito.

E se amanhã,
o beijo não for sentido,
prefiro nem o sentir,
recuso-me mesmo a abrir,
a ponta do meu lençol.

Faço tipo caracol,
e não me mexo, nem um só pé.
Fico enrolado na cama,
como quem o céu não vê.

Mas se esse beijo,
apaixonado,
me tocar a pele sentida,
juro que o beijo dado,
pode curar a ferida.

O beijo é,
as sete do meu relógio,
o despertar do sentido,
semi-frio é tipo bolo,
bem dado, nunca esquecido.

O beijo foi, e será,
o meu amor de amanhã.

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