Faz falta um beijo

Um beijo bastava,
para me recordar,
tudo o que sonhava,
só de te olhar.

Um beijo sozinho,
no meio do nada,
um simples carinho,
na madrugada.

Um beijo dos teus,
seguido de outro,
um beijo dos meus,
que sabem a pouco.

Um beijo dos quentes,
ao sol do verão,
teus beijos diferentes,
no meu coração.

Um beijo ou dois,
dez beijos ou cem,
agora ou depois,
sabiam-me bem.

Um beijo por dia,
mil beijos num ano,
teu beijo seria,
o beijo que amo.

Um beijo não basta,
nem mata esta dor,
dor que se arrasta,
sem ti meu amor.

Eram anjos pela manhã,
meios ensonados, mal acordados.
Espalhavam a fé cristã,
aqui e em todos os lados.

Cavaleiros de uma só cruz,
alimentando bocas famintas.
Talvez cegos por forte luz,
espalhavam preces extintas.

E os rostos por eles embalados,
valorizavam mais sua vida,
mesmo pela manhã ensonados,
encontravam na fé a saída.


Eu não escrevi isto!

A morte morreu?

Se tu morreres amanhã,
quero que hoje saibas,
que ontem quando te vi,
pensei no nosso futuro.

E vi campos verdes ao fundo,
tal e qual aquele quadro,
em que o anjo se perdia,
no claro dos teus olhos.

Percebi então que luto,
pelas linhas do comboio,
e que quando ele vira,
o teu corpo me ataca.

Me corrompo como o ferro,
e não penso mais no fim,
mesmo se por ti não espero,
tu fazes parte de mim.

Posso então dizer-te hoje,
que amanhã quando te vir,
me vou lembrar de que ontem,
tu me fizeste sorrir.

Rio do norte

Eu sei de cor as palavras,
que matam na tua boca,
sejam curtas ou mais largas,
minha alma fica louca.

Minha alma sente ao perto,
a dor que te vai no olhar,
e mesmo em campo aberto,
não te paro de avistar.

Mas mesmo se já não te vejo,
sinto o mesmo calor frio,
e no formular de um desejo,
procuro-te naquele rio.

E ao ver o teu rasto no rio,
confirmo a esperança,
daquele famoso brio,
que trago na minha lembrança.

Ou então já me esqueci,
de tudo o que perdi em mim,
de tudo o que não vivi,
e me deixou ficar assim.

Adorar-te

Adoro-te.
quando está silêncio,
quando não se ouve nada,
adoro-te pela madrugada.

Adoro-te,
quando me chove na cara,
quando o sol me queima,
adorar-te é uma teima.

Adoro-te,
quando sinto uma brisa,
quando vejo o mar,
adorar-te é amar.

Adoro-te,
quando me dói a barriga,
quando não vejo nada,
adoro-te amada.

Adoro-te,
quando a luz já me falta,
quando o preto já não se vê,
adoro você.

Adoro-te,
quando é hoje,
quando já foi tantos dias,
quando for eternamente,
apetece-me dizer adoro-te,
adoro-te,
assim de repente.

Novos pensamentos sobre o amor

E seu amante pensou:
- Que amor me podes dar?
Sem hesitar respondeu:
- Dou o amor que quero dar, dou o amor que é teu!

O amor é, tudo o que quiseres, menos aquilo que queres.
O amor não se constrói, pelo contrário.
O amor é como a galinha!
O amor é...


Uma nova ideia para este blog...todos os dias...sem falta...o amor será...algo diferente neste blog!
Sugestões?

O hipotético toque matinal

Eu tinha um beijo,
meio mudo,
guardado para ti.
E, no silêncio, esse beijo,
não passaria de nada.

Mas os beijos falam,
e os lábios não se tocam,
sem um propósito
sentido.

Os beijos são como a manhã,
quando são frios não me levanto,
quando são quentes nunca me deito.

E se amanhã,
o beijo não for sentido,
prefiro nem o sentir,
recuso-me mesmo a abrir,
a ponta do meu lençol.

Faço tipo caracol,
e não me mexo, nem um só pé.
Fico enrolado na cama,
como quem o céu não vê.

Mas se esse beijo,
apaixonado,
me tocar a pele sentida,
juro que o beijo dado,
pode curar a ferida.

O beijo é,
as sete do meu relógio,
o despertar do sentido,
semi-frio é tipo bolo,
bem dado, nunca esquecido.

O beijo foi, e será,
o meu amor de amanhã.

Caçador de Sonhos

Começa a caça a ti,
sonho meio perdido,
sonho escondido,
eu ando atrás de ti.

És como um tiro no escuro,
sonho descontrolado,
subindo o alto muro,
não vejo nem um bocado.

Procuro por ti,
no fundo do infinito,
e acho que não te vi,
mesmo no muro escrito.

Sonho, então, dá-me uma pista,
mesmo que sem um caminho,
mesmo que fique sozinho,
caçar um sonho é a conquista.

Sou caçador de sonhos,
não vejo aí problema,
contra sonhos medonhos,
eu escrevo este poema.

O teu medo é um sofrer,
de quem o medo não perde,
nem nunca há-de perder.

As mais belas palavras não ditas

O silêncio bateu no fundo,
desse teu mundo,
do teu olhar.
E quando penso,
nesse silêncio,
que vem profundo,
fico sem ar
fico perdido,
sem te encontrar.
Mas se te encontro,
fico sorrindo
e ao mesmo tempo sigo fingindo
não te estranhar.
E aí me reconheço,
e logo penso
que mesmo no começo,
eu não me impeço,
de te fitar.
E quando te vejo longe,
já mal te sei,
aliás penso sempre que sonhei
com tamanho esbelto olhar.
Então ali me deixo,
já meio morto
mas não me queixo,
e não me importo
se morto continuar.
Ao fim do dia,
o silêncio que se fazia,
já não o sei desenhar,
já nem sei qual foi o dia,
de tremenda melancolia,
em que pensei te amar.

Rainha do silêncio estranho,
do meu encanto tamanho,
volta por entre o nevoeiro,
e faz de mim homem inteiro.